sábado, 2 de janeiro de 2010

idéia de alegoria

Pela sua sanidade – este apelo longínquo- eu sugiro que vote no partido “eu sou o seu ninguém”. Vai insanamente o abismo da vida se aumentando, e por mais absurda que pareça a analogia simbólica, este abismo existe materialmente é entre gentes, que vejam bem, elas realmente estão divididas por este abismo de entendimento. O rio, lá embaixo, corre cristalino. Porém não tanto como antes; sua transparência se obtém jogando um retransparecedor nas águas. Havia antes, uma pontezinha de madeira sentada como o paraíso encima da correnteza, sua madeira era fresquinha e algumas pessoas passavam por lá. O rio tinha duas margens, que representavam, para além do absurdo, margens por onde passavam correntezas opostas. As crianças que viviam numa margem do rio, não podiam brincar com as crianças que moravam do outro lado, e tudo era assim simples como essa explicação: não podiam, mesmo. Que chato! Diziam que no dia em que uma criança das que não podia se misturar resolvesse faze-lo, voltaria com piolhos. Mas o curioso, é que ninguém sabia que na criação desta criança, a ausência de piolhos se dava por diversos fatores da vida material, e não por uma predisposição genética para tal. Afinal, o fator problemático de conviverem com pessoas que possuíam piolho, não era a possibilidade de os pegarem para sua cabeça?

Após muito tempo, os donos do rio, que agora já tinha dono, antes não, criaram formas realmente capetísticas, como se adora dizer em alguns templos dedicados ao seu deus, que atentem ser uma idéia de deus dentro de tantas outras existentes ou que já passaram pela face da terra, criaram eles formas de que as crianças entendessem da existência de tudo que há do outro lado: havia filmes sobre o subúrbio, havia filmes sobre o centro da cidade. Porque agora, já estamos na cidade, se situe, amigo meu, minha amiga, e paz e vamos lá. O curioso, voltando nos filmes, é que todos eles eram produzidos (palavra muito usada na nossa época) pelas mesmas pessoas! Mais curiosa a idéia de que os que viviam de um lado do rio, considerado o lado alto, mas já falaremos disso, precisavam de alguma informação sobre o lado vizinho, e se consideraram mesmo muito corajosos, por atravessar o rio e ir até lá. Chegando lá é que começa a desgraça toda. A pobreza do pobre faz o rico pensar sobre o mundo com exotismo.