sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Dens(idade) do destino

 subi no palco de minha vida

tragédia grega

força do destino

onde vago qual

peixe de rio

que não chegou ao mar

da Unidade

desatino

as coisas se complexificam

de modo que simplificam

e ainda mais (nessa) idade

complicam

completam

pinicam.

Alguns "sinos" me cintilam

a minha ingratidão

minha pouca resiliência

poderia ser mais a morte

aquele sentido da vivência?

minha cara está no chão

apenas respiro

mas por isso,

sou grata,

não piro.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Ode ao feminino

 eu estou

pavoneada de meu feminino
pá virada
povoada
de anseios genuínos
femininos
de séculos

dançando com o ventre
acordando o plexo
quero oferecer a abundância
da energia do amplexo

se traduz no movimento
o que vem de dentro
e algo que com isso
invento

por essas e tantas
tantas mulheres
tentamos nos resgatar
e dar apoio a outras
mulheres 
florescentes
flor-e-scentes
fluorescentes

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Desrepressão ou perversão?

 se a sua desrepressão

beirar a perversão e a 

perversidade


um embrute cimento

e emburre cimento

paralisa e vicia


as sombras

não as nego em sua existência

mas exaltá-las a tal ponto,

a tal falência 

do sentido

e do envolvimento?


fora do espectro

social moralista

desreprimir-se

é trajeto de vitória

se afirmas a alegria 

em grande parte de sua glória


quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Clarificar (post-it pra vida)

 "A aranha tece puxando o fio da teia

A ciência da abeia, da aranha e a minha

Muita gente desconhece" (João do Vale)


clarificar 

noções

evitar fazer e receber 

projeções


só, claro,

ficando,

quem gostar

de clarificar

domingo, 1 de novembro de 2020

De pressão

(  Lembrando do quadro de quando era neném, segurando uma florzinha, bem gordinha e com um olhar que olha através; nunca soube se gostava daquele quadro, mas de fato aquela era eu, ou uma parte importante de mim. Hoje com 33, engordada, em quarentena, tenho me achado parecidíssima com aquela criança e aquele olhar, que é através mas um tanto triste)


 Não soube lidar com a minha tristeza

produtivamente 

não consegui suficiente 

mente

calar 

minhas ausências no que 

deveria


o deveria

em partes já é

em toda a harmonia 

da natureza


se pisar com pelo menos os dois pés

nos hemisférios dos opostos

equilibra-se mais

nos mundos 

de acalma

e ria


de pressão

depressão

nessa fase

de lua 

em que sonhei em Júpiter

Permita que eu sonhe 

com pés no agora


(e sem me achar patética)


será o ser

humano

capitalizável?

ou apenas está? 

Fora da ótica

da troca, do amor e da morte

na Criação?


segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Amor perdido

 talvez você não acredite

num tempo distante fui raptada

vaguei campos desolada

desnorteada Afrodite


daquilo que é sagrado

eu nunca fugiria

enlutada transcendência

do amor que seria


corpo superfície

de tons e vibrações

tambor uníssemos 

uníssono

tu e eu os corações


domingo, 11 de outubro de 2020

Mitos degenerados

ai quem me dera

ai qual de mim

consegue decidir 

entre o ir e o vir?

 

começar o jardim

após a desesperança

é um sem fim

que une mulheres e crianças

(em seus quintais)

 

não vou me degenerar

com mitos degenerados

eles querem me encalçar

com suspiro e mau olhado

 

não vou me degenerar

com a secura que há no mundo

não vou me degenerar

mundo rima com segundo

 

que explode

explode coração

 

ternamente presente

amando os passarinhos

sempre contente

meu peito é um ninho

 

ainda sobre comunhão

digo que a mesa está posta

me eleva me enerva

é decisão que se aposta

 


sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Mergulhos



há dias que um qualquer

"pode passar por mim"

significa "fique aqui";

cenas, sensações e pensamentos

intensidade motora física e sutil

receptáculo

relação 


pigmentada do de dentro

urgindo e rugindo

ungida

felina 

para sair

essência 

por si

nada demais

nada mais

nada


não nado,

mergulho


engolindo

me afogaria

fecharia ao oxigênio 

domada por caminhos de neurônios

cristalizados nos mesmos hábitos

ossos do ofício

isso é envelhecer?


quinta-feira, 30 de julho de 2020

Com Yôga

Com Yôga eu
(prós)sigo
e
(con)sigo
não apenas seguir.

Ou um piloto
automático estranho
me toma a conta
e manda a mundaréu sem fim
de quem não faz conta de mim

quarta-feira, 15 de julho de 2020

A não observância 
Derramou em muitos lugares
 o (que não adianta chorar o)
Leite derramado...
 No país, cidade e nos lares.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Trabalhando dores

As horas doídas
Precisam ser manejadas
Fincadas na terra
Sacodidas e reboladas

Pareço em círculos fechada
Mas estou no espiral
Dervixes, mesas girantes
O mundo no quintal

A dor precisa sair nas mãos
Que acarinham o pão
Faxinada sem fascínio
Até que dos confetes
Sobre o mínimo

Quem sou eu para te julgar
Quem sou eu? Pára...
Quem?

Longe tenho passado
De ser substrato
Ao teatro de sonhos da mulher triste
A realidade me consome
A ampulheta guarda desertos
E meu movimento do camelo
Na dança encontra
Alegrias genuínas
"Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minha risada"
Trabalhando dores
Trabalho horrores



quinta-feira, 28 de maio de 2020

Aleatória assertiva

Tão velha como no refrão
Forever young, I wanna be...

Entulhada de pensamentos
Descartáveis
Morrida de sentimentos
Imorríveis
Saltada aos olhos
Das caras
Às vezes embrulhada
Como bolo molhado em papel prateado

Segurando a cauda
Do fluxo, da onda,
Você sabe estar inteir@
Sem vazar?
Isso faz diferença;
Segurar. Se bancar;
compensa.

Criando quase ataco;
De bicha acuada
Saio do buraco

Minhas vidas fizeram história
Nesse corpo que acompanha
Minha trajetória
E às vezes penso que viver pra tod@s nós
Deveria ser um ato de vitória


quinta-feira, 7 de maio de 2020

Impostora

Vez em quando me sinto
Impostora
Como arco-íris de led
Numa janela mínima
Tal qual animal que debanda
A própria espécie

Viajante do tempo e espaço
Como agulha de crochê
Mergulhando em várias camadas
De fios sem fim
Que passam por mim

Seria essa a via em que aposto?
Impostora?
O que é imposto?
Ou sim, posso?

Minha tranquilidade ainda
Que rara e feita chegou
Só não me é aceita
Num olhar que secou

Quando criança
Castelo era o meu cavalo
Com o tempo Castelo
Foi para outra dimensão
Dessa terra
De tanta gente
E tanta solidão

Sobrei eu e outros animais
Inclusive humanos
Vagueando às vezes lado a lado
Matando o tempo
Matamos
Com vida abundante
Mas geralmente de olhos fechados
De dar pena
Como bexigas que aproximando-se
Saltam uma para cada lado
Ou estouram

Eu me esvaziando um pouquinho
E você também
Talvez caibamos aqui, meu bem.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Serei a do seu mundo

Eu não serei a sua fuga
De ser quase todas prefiro
Ser Anenhuma
Sereia do teu mar

De migalhas formigas
Constroem túneis
Para longe
Passe reto

Hoje me revejo inteira
Hoje tudo é demais

Lindo aspecto se fez
Do que era espectro

Passo plena do dia e da noite
Carregando estações em ramalhete
Nos braços
E o benefício de não querer mais
o controle de tudo
Controle tão remoto