sábado, 31 de maio de 2008

douglas diegues e o portunhol selvagem! confiram!

bocê guarda a sua dor

en el fundo de la entraña

non fica fazendo manha

aguanta firme todo esse horror



bocê non finge u dolor que sente

real demais – parece ficción

a dor que dói sem doer un corazón

nem bocê nem ninguém entende



bocê sofre calado la dor que non entende

transforma ele em rima

em mel, em olhos abertos, em endorfina

la dor quase nem se siente



entre el futuro y tudo lo mais que embolorou

bocê esconde legal a sua dor

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A VERDADE DE BLAKE

"A estrada dos excessos leva ao palácio da sabedoria"
Willian Blake

desde quando coube escolher
escolhi o palácio dos excessos
a verdade de Blake

tento ser decente após acessos
de liberdade constrangedora

procuro estar
não posso permanecer

danço, mas não é comunhão
dança solitária,
danço só.

iluminar
após compreender
a falência exata
da infalibilidade.

como enterrada viva,
não quero acordar
debaixo da terra!

meu fígado trabalha feito
escravo. Bem,
nasci em 1987.

o inconsciente: escritório
com excesso de material captado
pelos olhos.

estão livros e paisagens,
pedaços de sagrado
que minhas mãos pegaram, formigando.
permanecem ao meu redor,
basta fechar os olhos e respirar fundo
e o coração dispara ante a esses instantes poderosos
imaculadamente profundos:

descrever o poço branco por onde caio atrás da eternidade.

domingo, 11 de maio de 2008

a princesa e o viandante- marcelo tápia. mt bom!

detrás do carro no parque suspeito
ele observava a moça doida de tudo,
atendo-se ao volume de seu peito
esquerdo, à vista sob o sobretudo

não era para seu bico, mendigo
valoroso que chegava de longe,
viajando por um trajeto antigo
desde um lugar de lá de não sei onde

tanta sujeira impregnada na veste
e na pele, seu cheiro acre de rua,
seu aspecto, sua natureza agreste
faziam-no estranho e tão na sua

que sua inteireza porca repelia
a qualquer um ou uma que o via;
mas não foi desse jeito nesse dia
co´aquela que o destino lhe trazia:

a moça, ao contrário das demais,
manteve-se ali quando ele surgiu
e descobriu nele um sentido a mais
à vida vã que a urbe lhe pariu-

rica e louca, levou-o para casa,
deu-lhe banho, vestiu-o com casaca
chique, possuiu-o como uma macaca
no cio, desvendando-lhe toda a mágica

do seu mundo; súbito penetrou-o
nas mansões dignas, deu-se a ele toda
e sorveu o que ele tinah de outro
mundo- foi profundo naquela foda,

concúbito desvairado, maluco,
tresvariado com seu porco imundo.P

domingo, 4 de maio de 2008

chagall- só para puros


alguém
chorava copiosamente porque queria entrar naquele filme.

nos são dadas tantas possibilidades, mas nunca
ultrapassar a realidade, apenas confundi-la!

outro, além
olhava para sua criação como quem finalmente avistou
seu mundo novo,parecia sentir o gosto
do rio na saliva,pequenas bailarinhas e o calor do lugar em seu corpo.

pedaços da imaginação de sua vida inteira,

êxtase dado, capturado só pelos puros

de coração.

sábado, 3 de maio de 2008


na sola do sapato da fama

o frenético tastes like nothing, not think.
a esperança, minutos de fama vindouros.
assim, de frio na fila morreu ela
não cantou no programa de calouros.

as cinzas do canavial pousaram em seu cabelo
preto
dormia sob a neve que não existe no Brasil.
direto em seu cinto cravejado por rebites
um pássaro que cantava lá do céu jogou sua marca.

as abelhas sentiram o cheiro
do gloss que ela usava
pousaram e anunciaram tristes
a morte de quem nunca tomou seu mel.